Detalhes
«Ele tinha o olhar dourado. Como era possível alguém ter o olhar assim tão dourado?» No calor infernal daquele Verão, a jovem Raíza desce ao fundo da água do aquário que a aprisiona, debatendo-se entre os fragmentos desencontrados da sua vida, da sua casa. No sótão há um espelho de cristal doente onde se reflecte a memória do pai, demasiado frágil para enfrentar o mundo. E dela própria, menina. Raíza tinha medo de que o espelho se partisse e se perdessem um do outro. Na sala, a mãe, suave, perfeita, escreve. E por vezes com ela está André, o seu pupilo. Ou seu amante. «Quem é que sabe? A mulher é uma esfinge.» Raíza arrasta-nos consigo num monólogo lento, obsessivo, enquanto procura cegamente um sentido que não encontra nos momentos de prazer fugazes, na embriaguez das festas, dos amores passageiros. Inconsciente da ambiguidade dos seus afectos para com a mãe, ela quer André, sem se aperceber de que está a encenar uma tragédia grega. Através de uma escrita lírica e poética, de texturas raras e luminosas, Lygia Fagundes Telles descreve o desencontro entre uma mãe e a sua jovem filha e as tentativas desesperadas que esta faz para finalmente descobrir que só quebrando o aquário que a protege saberá quem é. Publicada pela primeira vez no Brasil em 1964, esta obra, uma das mais notáveis da literatura brasileira, revela já a qualidade da escritora que, em 2005, viria a ser distinguida com o Prémio Camões.
ISBN 9789722335232
Nº de Páginas 192
Data de Lançamento 3/2006
Dimensões 230 x 150 x 11 mm
Formato Capa Mole
Peso 303g